Homem forte de Bolsonaro, Anderson Torres articula volta à segurança do DF; STF e transição veem ‘fator de instabilidade’

Ministro da Justiça deve estar à frente da pasta em 1º de janeiro, dia da posse de Lula (PT). Magistrados veem risco à segurança de todos os Poderes, especialmente do Judiciário.

Foto-Reprodução

Homem forte do governo Bolsonaro, o ministro da Justiça, Anderson Torres, pediu para voltar ao comando da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.

A informação chegou ao grupo de transição do governo Lula que, preparando-se para a posse do presidente eleito, soube que Torres poderá estar no comando da secretaria no 1º de janeiro, dia da posse de Lula.

O atual secretário de segurança pública do DF, Julio Danilo, confirmou ao blog que vai deixar o cargo “se nada mudar”, em meados de dezembro.

Segundo Danilo, o governador Ibaneis Rocha (MDB) comentou sobre o pedido de Torres para retornar ao cargo e o convidou para seguir em outra vaga.

Danilo, porém, prefere voltar para a Polícia Federal. Ele é delegado da corporação e tem excelente relação com o grupo de transição de Lula – um dos responsáveis por conduzir os trâmites da posse na área da segurança, o delegado Andrei Passos, por exemplo, só trata com Danilo, e não tem confiança alguma em Torres, visto como linha auxiliar de Bolsonaro.

A assessoria de Ibaneis disse ao blog que, “até o momento”, não há confirmação da futura nomeação de Torres para o governo do DF.

Ibaneis afirma a magistrados que Torres não vai criar problemas

Mas não é só a transição que está surpresa com o retorno de Torres: ministros do STF, segundo o blog apurou, procuraram o governador do DF para questionar a decisão de dar abrigo a um personagem que é linha auxiliar de Bolsonaro em agendas radicais.

Ibaneis confirmou a ministros da Corte que Torres vai voltar ao governo do DF e garantiu que ele não criaria problemas –o que não convenceu ninguém.

Nos bastidores, a volta de Torres ao comando da segurança pública do Distrito Federal está sendo tratada como um fator de instabilidade e risco para a segurança não apenas da posse de Lula, mas de todos os Poderes, principalmente o Judiciário.

Um ministro da Corte lembrou ao blog que, no último 7 de Setembro, houve uma tentativa de setores do governo Bolsonaro de alinhar com o governo do DF a liberação para que caminhões de bolsonaristas ocupassem a Esplanada dos Ministério, o que só não aconteceu pois houve um recuo após alerta dos integrantes da Corte

As polêmicas de Torres

O ministro da Justiça é peça-chave das principais polêmicas e crises do governo Bolsonaro junto ao Judiciário e, também, durante a eleição presidencial.

No dia do 2º turno das eleições, a Polícia Rodoviária Federal – que fica na alçada do Ministério da Justiça – parou centenas de ônibus que transportavam eleitores, principalmente no Nordeste, onde Lula tem ampla vantagem.

Torres também esteve com Bolsonaro na tática de criar factoides com pedidos para investigar institutos de pesquisa e as inserções de rádio da propaganda eleitoral do presidente.

Durante os bloqueios golpistas em rodovias ocorridos após as eleições, o ministro da Justiça fez – na visão de ministros do STF – ”jogo duplo”: a integrantes da Corte, dizia que as polícias sob sua alçada não tinham efetivo suficiente para superar a crise. A justificativa, porém, foi vista como uma jogada do governo Bolsonaro para tentar colocar militares nas ruas, confundindo a população com a imagem de fardados em meio a manifestações ilegais.

E, quando o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), aliado de Bolsonaro, atacou policiais federais ao resistir a uma ordem de prisão expedida pelo STF, Torres foi escalado pelo presidente para ir ao local. Só desistiu por receio de ser investigado por prevaricação.

Fonte:https://g1.globo.com

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