Aulas de música melhoram desenvolvimento pessoal e a comunicação de crianças e adolescentes autistas

Foto-Reprodução

Elias Cauã, 9, tem uma familiaridade única com os instrumentos de percussão. Na bateria, ele domina todos os movimentos e mostra, orgulhoso, para a mãe, Claudiana, as músicas que aprendeu observando o instrutor. “Fico muito feliz de ver meu filho se desenvolvendo tão rápido através das aulas de música do Complexo Mais Infância do João XXIII. Ele é autista e tem muita sensibilidade a diversos tipos de barulhos, mas na sala de música o Cauã se transforma. Fica mais alegre e ativo. Não tem como não perceber a mudança no semblante dele”, lembra a mãe, Claudiana Martins.

Cauã é uma dentre as mais de 15 mil crianças e adolescentes atendidas nos Complexos Mais Infância dos bairros João XXIII e Cristo Redentor, em Fortaleza; e do município de Barbalha, no Cariri. Outra unidade foi inaugurada no último mês de dezembro, no bairro Curió, em Messejana. Os equipamentos são vinculados à Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS) e realizam atividades lúdicas, esportivas, culturais e de lazer, com cursos de artes, dança e música para as comunidades do entorno, além de qualificação profissional.

Musicoterapia

Orlando Júnior, instrutor de música do Complexo Mais Infância do João XXIII, conta que impressiona como Cauã tem um ouvido bom e facilidade para aprender as notas dos instrumentos de percussão. “Se eu mostro uma célula rítmica pra ele, na mesma hora ele reproduz igual, e isso não é uma coisa fácil até para alguns músicos experientes. Outra coisa que me impressiona é a coordenação motora dele na bateria, tem um domínio dos pedais como poucos”, destaca o instrutor, que ainda pontua. “É notável a evolução na fala dele, no desenvolvimento cognitivo. Lembro que, quando o Cauã chegou aqui, ele só emitia algumas sílabas e hoje consegue falar com mais fluência, e isto é também resultado das aulas de música”, complementa o instrutor.

O ouvido e o olhar atentos aos gestos do professor revelam um pouco da personalidade de Kayrone Alvarenga, 15, que passeia os dedos com facilidade pelo teclado e mostra que é na sala de música que ele se conecta de verdade. “Eu gosto muito de vir pro Complexo porque tem uma infraestrutura toda preparada para nos receber. Eu me sinto muito bem neste espaço e tenho aprendido coisas novas nas aulas de música, além de ter feito muitas amizades que vou levar pra vida”, conta o adolescente, que está no 1º ano do Ensino Médio e já está convencendo os outros dois irmãos, que também são autistas, a virem conhecer o Complexo Mais Infância do João XXIII.

Genildo Barbosa é psicólogo do equipamento e destaca a importância da escuta qualificada. “Nós temos um público diverso no Complexo. Ofertamos atividades para toda a família e não são apenas capacitações e atividades esportivas e de artes, nós cuidamos da saúde mental dos nossos beneficiários. Fazemos grupos de conversas com as mães e com os alunos. Já houve casos de ajudarmos, inclusive, no diagnóstico de autismo ou Transtorno de Déficit de Atenção”, frisa Genildo.

“A inclusão de crianças autistas nos cursos dos Complexos Mais Infância tem trazido resultados muito positivos e mostra o quanto é importante desenvolvermos ações para incluir este segmento da nossa população. É muito bom ver o sorriso nos rostos das mães que percebem a evolução no comportamento de seus filhos”, destaca a titular da SPS, Onélia Santana.

A gestora ainda lembra que esta ação é resultado do Programa Mais Infância, uma política pública de Estado que contempla os 184 municípios cearenses com diversas ações. Em Fortaleza, são três Complexos e um quarto está instalado em Barbalha.

Fonte:https://www.ceara.gov.br

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