Corrosão geral da democracia passa por militarização da política, diz antropólogo
Em podcast, antropólogo Piero Leirner explica como o intervencionismo militar adentrou a política brasileira.
Foto-Ricardo Moraes/Reuters
Para o antropólogo Piero Leirner, a democracia brasileira passou por uma corrosão que envolve a presença de militares na política, e não apenas uma politização entre militares.
“O problema é não é só a adesão [de militares] ao bolsonarismo, né? Que implicaria naquilo que a gente pode chamar de uma politização da caserna. Mas é o próprio Bolsonaro ter sido uma construção deles. Ou seja: [o problema] para além de uma politização da caverna é uma militarização da política”, diz ele.
Leirner, professor titular da Universidade Federal de São Carlos, é o entrevistado do episódio #885 do podcast O Assunto, comandado por Natuza Nery.
“Então, isso eu acho que é um problema institucional que tem a ver com uma espécie de corrosão geral da democracia no Brasil.”
Durante cerca de dois meses, grupos golpistas se concentraram em frente a quartéis do Exército pelo país clamando por intervenção verde-oliva – o que, de acordo com a Constituição Federal, é crime. Não houve qualquer repressão. Pelo contrário, os grupos foram protegidos pelos oficiais militares, inclusive durante o ataque terrorista contra os prédios dos Três Poderes, em 8 de janeiro.
“Existe um problema mais geral e que eu acho que é uma questão a ser pensada que é, vamos dizer assim, a extrapolação dos militares e de um modus operandi de militar para outras instituições de estado e isso é uma maneira de você, enfim ocupar, infiltrar e deixar o estado de certa maneira refém das posições corporativas.”
Fonte:https://g1.globo.com