Pedetistas próximos a Roberto Cláudio na Alece evitam declarar oposição ao governo Elmano
Parlamentares ouvidos pela coluna falam que no primeiro momento adotarão postura de ‘independência’
Foto-Fabiane de Paula/Divulgação AL-CE e CMFor
Apesar do discurso opositor do ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) ao governo Elmano de Freitas (PT) nos últimos dias, deputados estaduais do PDT mais ligados ao ex-gestor da Capital evitaram declarar oposição ao novo governo estadual – pelo menos no início da legislatura.
Em contato com a coluna, os aliados do ex-prefeito pediram tempo para avaliar o cenário e afirmaram que aguardam definição do partido para anunciar um posicionamento definitivo. Eles negam qualquer pedido ou pressão do ex-prefeito para adotarem papel de opositores ao governador Elmano.
Enquanto isso, o discurso adotado pelos deputados é de postura “independente”. Foram ouvidos Cláudio Pinho (PDT), Queiroz Filho (PDT) e Antônio Henrique (PDT) nessa quarta-feira (1°) – dia de posse no parlamento estadual.
Os deputados foram os mais fiéis à candidatura de Roberto Cláudio ao Governo do Estado contra o então candidato Elmano de Freitas no ano passado. Na época, pedetistas se dividiram – o que acabou enfraquecendo a campanha do ex-prefeito derrotado ainda no primeiro turno.
QUEIXA
O racha vivido pelo PDT na campanha eleitoral do ano passado segue na Assembleia Legislativa. Enquanto uns pedetistas integram o governo, como Salmito e Oriel Nunes – além de Romeu Aldigueri na liderança da gestão – outros filiados do partido sequer foram chamados para uma conversa em âmbito do Palácio da Abolição.
A queixa é do deputado Antônio Henrique (PDT). “Até o presente momento eu não fui convidado para nenhuma conversa. Se eu disser o que vai acontecer amanhã (sobre ser base ou oposição), não tenho como falar porque não houve ainda conversa depois das eleições de outubro. Até esse momento não fui convidado para nenhum tipo de diálogo”, relata.
Antônio Henrique foi presidente da Câmara Municipal de Fortaleza e tem forte relação com o ex-prefeito. Segundo ele, o mandato não vai sofrer mudanças por conta da relação com o novo governador. “Agora estou aqui para servir ao povo do Ceará. Quero trabalhar pelo povo cearense independente da situação que a gente venha estar aqui ocupando”, disse.
À ESPERA DO PDT
O deputado estadual Queiroz Filho (PDT), que contou com a força do ex-prefeito para chegar ao parlamento em 2018, disse esperar uma posição do partido para tomar uma decisão. Mas que, por enquanto, será independente.
“Não houve ainda um anúncio do PDT dizendo essa posição. Por enquanto me sinto muito tranquilo de, com independência, fiscalizar, cobrar, fazer um mandato com as prerrogativas da constituição”, disse.
Questionado se aguarda uma conversa com o governador para abrandar o discurso e votar com o Palácio da Abolição, Queiroz negou que um aceno mude a posição dele.
“Não é que eu não espere (uma conversa). Estou muito seguro da minha posição de fiscalizar, cobrar, como manda a constituição estadual, mas não será isso honestamente que vai me fazer eventualmente mudar a postura. Vou seguir o que manda e prevê as decisões que o meu partido PDT tomar”, declarou.
‘QUERO PROPOR’
Parlamentar com forte ligação com Roberto Cláudio – sendo ex-secretário na gestão do então gestor –, o ex-prefeito de São Gonçalo do Amarante, Cláudio Pinho (PDT), declarou que “o tempo dirá” sobre qual será a postura dele no Parlamento na relação com o Abolição.
O pedetista, no entanto, adiantou que vai buscar interlocução com o governo através de propostas legislativas. Pinho lembrou a experiência quando foi chefe do Executivo para reforçar que a harmonia entre os Poderes é benéfica para a sociedade.
“É natural que nós tenhamos a nossa independência, mas quanto à questão de fazer críticas eu não sou parlamentar de criticar por criticar, não serei esse parlamentar. Quero propor e quero também ser ouvido para ter a reciprocidade”, disse à coluna.
Apesar da postura do ex-prefeito de distanciamento do governo, o deputado estadual reforça que poderá votar com o governo sem problema algum.
“Agora, se o Governo apresenta mensagens, propostas para melhorar a vida da pessoa eu vou ser contra? Não serei um deputado do contra por ser contra. Agora, o que eu discordar, vou mostrar e vou dizer porque que eu estou discordando”, disse.