José Walter, bairro que recebeu mutirão de combate às arboviroses nesta quarta-feira (20/12), já registrou mais de 120 casos de dengue

A população de Fortaleza deve adotar medidas de combate ao mosquito Aedes aegypti em seus domícilios

Nos domicílios é importante adotar a vedação de tonéis, caixas d’água e demais recipientes que possam acumular água ao relento (Foto: Daniel Calvet)

Como parte das ações da Operação Inverno, realizada pela Coordenadoria de Vigilância em Saúde, vinculada à Secretaria Municipal da Saúde (SMS), o bairro José Walter recebeu um mutirão de combate às arboviroses nesta quarta-feira (20/12). O bairro, que já registrou mais de 120 casos de dengue apenas em 2023, é um dos que possui a maior incidência da doença na cidade.

A iniciativa ocorreu para intensificar as ações de controle e incentivar a população a adotar medidas que evitem a proliferação do Aedes aegypti. 420 agentes comunitários de endemias (ACE) estavam envolvidos na ação, com a eliminação manual dos focos e aplicação de larvicida biológico nos armazenamentos d’água e aerosystem intradomiciliar.

“Dengue, chikungunya e zyka são doenças que podem ser perfeitamente evitadas com cuidados dentro do seu quintal, dentro da sua casa. É um problema seríssimo de saúde pública que é fácil de ser evitado e é importantíssima a participação da população neste trabalho. 80% dos reservatórios estão nas casas, então é fundamental a participação das pessoas no seu dia a dia”, ressaltou Galeno Taumaturgo, titular da Saúde.

Nos domicílios é importante adotar a vedação de tonéis, caixas d’água e demais recipientes que possam acumular água ao relento. Trocar água dos bebedouros dos animais, desobstruir as calhas, guardar o lixo em sacos plásticos bem fechados também são algumas das medidas a serem realizadas pela população.

Ramiro Alves, morador do bairro José Walter desde a década de 70, destacou o trabalho conjunto dos moradores com a prefeitura através de ações em saúde e infraestrutura que ajudam a manter sua vizinhança livre do mosquito.

“Aqui no José Walter os agentes de endemia são muito presentes. Eu tento fazer a minha parte, colocando tela nos bueiros, evitando acúmulo de água em pneus e jarros de planta. Esse é o trabalho que a comunidade pode fazer. Os vizinhos também se reúnem identificando onde tem focos. Depois que foi feito o asfalto no bairro, também evitou-se muito o acúmulo de água empossada”, contou.

De acordo com o Boletim Epidemiológico mais recente, em 2023, foram notificados 15.500 casos suspeitos de arboviroses, sendo 13.515 de dengue, 1.784 de chikungunya e 201 de zika. Os registros, até o momento, apontam para um menor número de casos notificados, quando comparado ao mesmo período do ano anterior. Dos números citados, apenas 36,4% (4.916 para dengue), 17,5% (313 para chikungunya) e 0% foram confirmados respectivamente para cada doença, caracterizando um cenário de baixas confirmações dessas doenças na Capital.

Este ano, foi verificada uma expansão do sorotipo 3 da dengue em diversas regiões do país. De acordo com Nélio Morais, coordenador da Vigilância em Saúde, o aumento deste tipo de dengue, que teve sua última circulação na cidade há mais de 20 anos, traz uma preocupação maior aos fortalezenses, devido a uma maior suscetibilidade e pouca imunidade da população.

“O sorotipo 3 traz uma grande ameaça de epidemia no Brasil. Ele foi um sorotipo com uma circulação maior entre os anos 2002 a 2004, com poucos casos em Fortaleza. Isso mostra que quase toda a população da cidade está suscetível a ele. Já temos casos no estado e sabemos que a tendência é que ele chegue aqui em breve. Temos que estar preparados, especialmente na quadra chuvosa, quando o número de casos aumenta, nos meses de março a junho”, explicou Nélio.

No bairro José Walter, especificamente, já foram confirmados, até a última semana, 121 casos de dengue, quatro casos de chikungunya e nenhum caso de zyka. Na Regional de Saúde V, o bairro é o segundo com o maior número de casos, atrás apenas do Mondubim, com 124 casos. Além destes, outros bairros lideram a incidência da dengue em Fortaleza, como o Vicente Pinzón (296), Passaré (141), Jangurussu (135), Praia do Futuro I (127) e Montese (124).

Evanildo Holanda já teve parentes acometidos com a dengue e sabe o quanto os cuidados são necessários para evitar uma enfermidade grave. O aposentado sempre abre as portas para os agentes de endemia por entender a importância do combate às arboviroses: “É só procurar fazer o que é necessário e o que o agente instrui a gente a fazer para manter a saúde melhor. Eu acho as visitas muito importantes, conscientizar quem não está tendo cuidado, mesmo sabendo que se deve limpar o quintal, evitando a água parada”, comenta.

Fonte da matéria:https://www.fortaleza.ce.gov.br

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