Lula critica ‘ganância por acúmulo de riquezas’ e defende ‘repartir o pão produzido’
Em discurso no Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, presidente da República sugere que tensão no país ocorre por conta das desigualdades
Agência Gov
Ricardo Stuckert/PR
Lula participou da terceira reunião plenária do “Conselhão”
Ao encerrar a 3ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDES), nesta quinta (27), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o modo como seu governo conduz a política econômica e destacou que a maior e mais importante questão brasileira continua sendo a desigualdade social.
Ao tratar de polêmicas surgidas nos últimos dias em torno de temas econômicos, como a alta do dólar ou controle de gastos governamentais, Lula afirmou que a real tensão se dá entre o excesso de posses de uma minoria e a precariedade de recursos de que dispõem as maiorias.
“É possível distensionar a ganância por acúmulo de riquezas de alguns e tentar repartir um pouco do pão produzido neste País”, afirmou Lula. O presidente, por duas vezes, havia provocado a plateia com exemplos que demonstram que distribuição de renda não é um ideal exclusivamente socialista ou comunista. Parte do Conselho é composta por empresários e representantes do setor financeiro.
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Marx versus Ford
“Nós queremos que cada trabalhador e cada trabalhadora possa consumir aquilo que produz. Não é o Marx que disse isso”, prosseguiu, em referência ao teórico alemão Karl Marx, ideólogo do comunismo. “É Henry Ford. Ele que dizia isso”, completou, citando o idealizador da linha de montagem que popularizou o modelo T, carro que transformou a Ford em uma das maiores companhias automobilísticas da história.
Um pouco mais adiante, ao fazer referência a Cuba e Rússia – países onde houve processo revolucionário socialista – Lula afirmou que seu modelo de desenvolvimento é outro. “Vocês acham que eu quero um país igual à Rússia, igual à Cuba? Não, eu quero um país com padrão de vida igual à Suécia, à Dinamarca, à Alemanha”, disse, citando países que adotaram modelo social democrata de distribuição de renda. “É este o país que eu sonho para os trabalhadores”, completou.
“Muito dinheiro na mão de poucos significa pobreza, desemprego, prostituição, desnutrição, analfabetismo. Pouco dinheiro na mão de muitos significa exatamente o contrário: mais educação, mais saúde, melhor transporte, mais salário”, afirmou também o presidente.
Quase ao final de seu discurso, feito de improviso, Lula foi aplaudido de pé ao afirmar que está confiante que seu terceiro mandato terá sucesso. Rememorando os índices de aprovação de seu segundo mandato em 2010, o presidente argumentou: “Eu só voltei porque tenho consciência que vai dar certo este pais. Eu jamais voltaria a ser presidente da República, depois de ter saído com 87% de bom e ótimo, 10% de regular e 3% de ruim. Eu voltaria para quê? Porque este País estava precisando de alguém que cuidasse desse povo. De alguém que olhasse com um pouco de carinho para as pessoas que não tiveram a mesma chance que eu”. Lula
Anúncio de novas medidas
A reunião serviu também para que o presidente assinasse decretos, portarias e sancionasse leis que foram gestados nos debates do do CDES, coordenado pelo ministro das Relações Institucionais Alexandre Padilha. Com a assinatura, foram lançadas a Política Nacional da Primeira Infância e também políticas de apoio à economia circular, a projetos tecnológicos de alto impacto, além da sanção presidencial à lei que institui o programa estatal Mover, de estímulo à inovação e descarbonização da indústria, e o novo marco legal de fomento ao setor cultural, recentemente aprovados pelo Congresso.
Fonte: Governo Federal