Terapia com cavalos da Polícia Militar auxilia desenvolvimento de crianças atípicas
Foto: Reprodução
Texto: Divulgação
Projeto, que pertence ao Regimento de Polícia Montada Coronel Moura Brasil (RPMont), completa 28 anos nesta quarta-feira (14)
Com a sabedoria própria da natureza, como definia a médica brasileira Nise da Silveira, os animais são o elo mais carinhoso entre crianças e adultos. No Centro de Equoterapia da Polícia Militar do Ceará (PMCE), que completa 28 anos nesta quarta-feira (14), esse é o vínculo essencial para o desenvolvimento humano e que tem feito diferença no cotidiano de crianças atípicas, seus familiares e dos profissionais que participam do projeto.
Rosângela Barbosa é mãe do Carlos Filho, de sete anos, uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ele participa há cerca de um ano da iniciativa e a mãe celebra, com entusiasmo, as conquistas do filho. “Montei um calendário com a rotina do Carlos Filho. Ele compreende todas as atividades da semana e do fim de semana, mas é no dia da equoterapia que fica mais ansioso. Desde que ele começou aqui, deu um grande salto. Uma das conquistas foi vencer o medo de altura. Antes, quando o pai dele o levantava, ele tinha muito medo, mas, hoje, não tem mais. Outra conquista, foi aprender a escrever. Ele lia, mas não escrevia. E isso me incomodava muito. Hoje, ele já sabe escrever. Acompanhar ele alcançar essa autonomia foi uma das melhores conquistas”, conta a mãe.
O projeto funciona nas manhãs de segunda a sexta-feira, no bairro Cambeba, no Regimento de Polícia Montada Coronel Moura Brasil (RPMont) da PMCE, responsável pela coordenação da iniciativa. Com capacidade para atender cerca de 60 praticantes, a atividade conta com cerca de 24 profissionais, entre policiais militares, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, entre outros. “A equoterapia é um tratamento que usa o cavalo como agente promotor de saúde, trazendo inúmeros benefícios para os seus praticantes. O cavalo, com seu andar, simula o nosso caminhar e isso mexe com a musculatura do corpo dos alunos”, explica o coordenador da Equoterapia da PMCE, 1º tenente da PMCE, Leonardo Moura.
Além da evolução pessoal de cada praticante, os profissionais da Segurança Pública também se transformam com as mudanças observadas em cada criança. “É nítido, tem praticante que chega e não quer ou tem medo de montar. Depois de um tempo se adapta e se apaixona pelos nossos cavalos. A família então, nem se fala. Eles estão todos os dias ali, perto da gente, e vibramos juntos com as mudanças. Tem criança que chega aqui sem conseguir andar, depois de um tempo está se movimentando, se comunicando e interagindo com outras crianças. É transformador para eles e para nós, policiais militares, que acompanhamos de perto todo esse processo”, garante o coordenador.
A mãe de Carlos Filho pontua como os cavalos que o filho costuma montar são um elo importante na sociabilidade, mas lembra que a paciência e o amor dos policiais militares fazem a diferença nesse tratamento. “Eu vejo que os policiais passam muita segurança para o meu filho, são humanizados e o acolhem bem. Eles ensinam as crianças a respeitarem os animais com esse contato. Com isso, acabam ajudando muito na socialização dos nossos pequenos em casa e na escola. E isso é muito gratificante”, conclui ela.
Transformação
A psicóloga Natáli Carvalho, que acompanha Carlos Filho e outras crianças, lembra que o garoto tinha medo de cavalo quando chegou, mas com pouco tempo, tudo mudou. “Isso reverbera na vida social, na escola e com os amiguinhos. A partir do cavalo, que é esse mediador, que suscita amor, carinho, que a criança vai aprendendo a se relacionar melhor com os outros, a se relacionar com o mundo. Esse contato com o animal promove a autoconfiança e isso melhora a autoestima.”, detalha a especialista. A profissional também ressalta que as melhorias se estendem aos familiares que acompanham as sessões. “Acolhemos as famílias, fazemos essa interação. Ao trazer elas para o centro, participando dos eventos, cuidamos também dessas pessoas. Essa família também precisa ser cuidada para ter condições de cuidar”, frisa Natáli.
Os cavalos utilizados no projeto nasceram no RPMont, passaram por um processo de doma a partir de dois anos e foram treinados para o policiamento ostensivo nas ruas e em grandes eventos, como jogos esportivos. Após algum tempo de experiência nas ruas, eles estão aptos para fazer crianças como Carlos Filho e tantas outras a vivenciar a infância em toda a sua plenitude.
Quem pode participar?
Com quase três décadas, mais de 400 pessoas já participaram do projeto. O foco é atender crianças de dois a até 12 anos com TEA, síndrome de Down, paralisia cerebral, síndrome de Angelman e mielomeningocele. Mas também recente outros pacientes, principalmente policiais militares em recuperação fisioterápica. Para participar, os responsáveis pela crianças podem procurar as redes sociais do projeto. É importante, no entanto, um encaminhamento anterior de um especialista que atenda ao paciente, orientando sobre a necessidade da equoterapia.
Serviço
Equoterapia da PMCE
Local: RPMont- PMCE (Av. Washington Soares 7250-Cambeba)
Fonte da Matéria:https://www.ceara.gov.br