Autismo: HSM oferece acompanhamento especializado para crianças, adolescentes e adultos
Milena Fernandes – Ascom HSM – Texto e Foto
Brauliana Barbosa – Ascom HSM – Arte Gráfica
De dois em dois meses, a dona de casa Cleidiane Amorim da Silva, de 39 anos, sai de Jaguaruana, no Vale do Jaguaribe, com destino a Fortaleza. Ela é mãe de um menino de seis anos, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). O acompanhamento é realizado há dois anos pelo Núcleo de Atenção à Infância e Adolescência (Naia) do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), vinculado à Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).
“Foi aqui no Naia que eu confirmei esses dois diagnósticos. No início, foi muito difícil porque eu não esperava, mas durante as consultas com os especialistas eu fui compreendendo que é possível alcançar um progresso, uma evolução e amenização dos sinais e sintomas desses transtornos. Antes do tratamento, por exemplo, ele não suportava nenhum tipo de barulho, nem da chuva. Agora ele já convive melhor com esses sons. Até o relacionamento com outras crianças, que era bem complicado, atualmente está bem mais tranquilo”, revela.
Cleidiane Amorim, mãe de criança autista, reconhece a importância do acompanhamento especializado e multidisciplinar do Hospital de Saúde Mental
Ela reconhece que já passou por momentos difíceis de depressão e ansiedade. “Eu faço terapia porque preciso ficar bem emocionalmente para cuidar dele e enfrentar possíveis crises. Aqui mesmo, no hospital, recebo orientação psicológica. Existe ainda muito preconceito da sociedade também e não é fácil lidar. Eu recomendo o uso do crachá e do cordão que ajudam na identificação para pessoas com deficiências ocultas e facilitam a compreensão de alguns comportamentos e o acesso aos direitos, como filas, assentos e vagas preferenciais”, afirma.
O Naia atende crianças e adolescentes que residem na capital e no interior do estado do Ceará. Em 2023, o serviço acolheu 4.294 pessoas. A assistência a pacientes com autismo representa 54,91% do número total de atendimentos no ambulatório, o que significa um total de 2.358 pacientes com autismo. Já na emergência do HSM, no ano passado, foram recebidas 262 pessoas com esse perfil.
Na Semana de Conscientização do Autismo, o HSM reforça a importância de ficar atento aos primeiros sintomas para que o diagnóstico e o acompanhamento sejam feitos o mais breve possível.
A médica psiquiatra Denise Evangelista, atuante no HSM, observa que o Brasil tem uma estimativa de seis milhões de pessoas vivendo com autismo. “O TEA é uma condição neurobiológica de origem genética que pode sofrer influência de fatores ambientais, trazendo prejuízos ao bebê em desenvolvimento durante a gravidez. Assim, mitos como a vacinação, os métodos de criação ou as mães que demonstram pouco afeto não são fatores que tenham correlação com o autismo”, afirma Evangelista.
De acordo com a psiquiatra, qualquer sintoma ou comportamento que possa trazer prejuízo à vida familiar, escolar ou social de um indivíduo deve ser investigado. “Se traz consequências negativas como afastamento de amigos e estresse em casa, deve ser cuidado. Não existem medicamentos específicos para o autismo, mas alguns podem ser usados para tratar sintomas e comportamentos que atrapalham o funcionamento global da pessoa, garantindo sua adesão às terapias multidisciplinares, diminuindo seu sofrimento e melhorando sua qualidade de vida”, diz.
Diagnóstico
O diagnóstico do TEA é clínico, não existindo um exame específico de comprovação. Durante a consulta, o médico, junto à equipe multiprofissional, identifica sinais e sintomas para definir se o paciente está dentro do espectro autista. Alguns sintomas são muito característicos do transtorno, o que auxilia no fechamento do diagnóstico.
Tratamento
No Naia, os atendimentos costumam acontecer mensalmente ou semanalmente. A equipe multiprofissional é composta por psiquiatras, psicólogos, residentes em Psiquiatria, assistente social e médico pediatra, responsáveis pelo acolhimento de todo o núcleo familiar do paciente.
O Serviço de Psicologia utiliza atividades educativas como jogos de palavras, blocos, livros de histórias, desenhos e pinturas, a fim de promover a interação, a comunicação e a imaginação do paciente.
Em relação ao uso de medicações, os psiquiatras do ambulatório receitam somente as necessárias, com doses baixas, pelo menor tempo possível. O acesso ao atendimento do Núcleo de Atenção à Infância e Adolescência (Naia) do HSM é via Central Estadual de Regulação, por meio das unidades básicas de saúde e de Centros de Atenção Psicossocial (Caps).
Ambulatório de autismo para adultos
O ambulatório para adultos autistas do HSM é pioneiro no estado do Ceará, em nível hospitalar, e tem como principal objetivo diagnosticar o paciente e fazer os primeiros acompanhamentos. Os atendimentos tiveram início em fevereiro deste ano com profissionais especializados em autismo, incluindo psicólogos e psiquiatras.
“É importante confirmar o diagnóstico na pessoa adulta para que ela possa administrar as situações que estejam causando prejuízos na vida dela. Se a pessoa vem buscar um diagnóstico é porque houve algo negativo e que deve ser melhorado. Então, a gente quer contribuir com uma melhora na qualidade de vida desse paciente”, explica Denise.
O acompanhamento no ambulatório é caracterizado pelo treino das habilidades sociais, através de grupos terapêuticos com simulações realísticas. Para ter acesso ao ambulatório de autismo para adultos é necessário ser maior de 18 anos, não ter recebido previamente o diagnóstico de autismo e ser encaminhado por algum serviço de saúde.
Fonte da matéria: Governo do estado do Ceara