Bloqueios em vias do RJ entram no segundo dia; maioria do STF confirma ordem para que polícias impeçam interdições
Protestos de bolsonaristas contra a vitória de Lula nas eleições começaram na madrugada desta segunda-feira (31). Justiça Federal no RJ já havia determinado a liberação das estradas.
Foto-Reprodução
Bloqueios de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) em vias do RJ, contra a vitória no segundo turno de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), entraram nesta terça-feira (1º) no segundo dia. Decisões tanto do Supremo Tribunal Federal (STF) quanto da Justiça Federal fluminense determinam que polícias impeçam essas interdições.
A PM e a Guarda Municipal desmobilizaram um dos bloqueios: o do Túnel da Grota Funda, na Zona Oeste do Rio.
Em todo o país, nesta terça, eram quase 300 focos de protestos de bolsonaristas nas rodovias federais.
PM e Guarda Municipal desmobilizam bloqueio na Grota Funda — Foto: Reprodução/TV Globo
Até a última atualização desta reportagem, eram oito vias com manifestantes.
- O Túnel da Grota Funda, entre o Recreio dos Bandeirantes e Guaratiba, estava fechado, e o trânsito era desviado pela serra, mas o ato foi dispersado.
- A Via Dutra (BR-116) tinha pontos de manifestação — em Queimados, Nova Iguaçu, Barra Mansa, Volta Redonda e Resende —, mas o trânsito fluía parcialmente.
- No Arco Metropolitano (BR-493), eram dois protestos em Itaboraí e em Nova Iguaçu.
- Na Rio-Juiz de Fora (BR-040), bolsonaristas ocupavam parcialmente a pista em Duque de Caxias e em Petrópolis.
- Na Rio-Teresópolis (BR-116), um grupo protestava em Teresópolis.
- Na Rio-Santos (BR-101), o trânsito estava parcialmente bloqueado em Itaguaí.
- Na Rio-Campos (BR-101), havia interdições apenas para a passagem de caminhões, em São Gonçalo, Casimiro de Abreu, Campos dos Goytacazes e Itaboraí.
- Na Campos-Itaperuna (BR-356), o ato fechava totalmente a pista em Itaperuna.
Na Rodoviária Novo Rio, viações já alertavam sobre a suspensão de viagens para São Paulo por causa das interdições.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou, em nota, que passou a madrugada “atuando em todos os pontos de interdição”. “Nossas forças de choque e PRFs especializados em negociação estão agindo conforme protocolo de gerenciamento de crise.”
Bolsonaristas protestam na BR-040, na altura da Reduc — Foto: Reprodução/TV Globo
“Temos conseguido algumas liberações de pistas, e em casos mais críticos a liberação de carros pequenos e ônibus”, afirmou.
“Agimos também com os instrumentos jurídicos disponibilizados pela Justiça: aplicações de multas de R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 100 mil para pessoas jurídicas”, destacou.
Já a PM afirmou que atuava nesta manhã em pontos de bloqueio em todo o estado. “Em alguns, a Polícia Militar tem conseguido garantir o trânsito em meia pista. Nas rodovias federais, a PM vem trabalhando em apoio à Polícia Rodoviária Federal”, disse.
Os atos na segunda
Nesta segunda, caminhoneiros bolsonaristas fecharam por horas a Via Dutra, na altura de Barra Mansa, e um grupo de apoiadores do presidente tentou, sem sucesso, fechar a Ponte Rio-Niterói.
Nas ações, houve relatos de agressão, e empresas de ônibus que circulam pela Dutra chegaram a suspender a venda de passagens.
Na noite de segunda, a Justiça Federal do Rio de Janeiro determinou a remoção de “pessoas, veículos ou objetos” que obstruam o tráfego em rodovias “com uso de aparelhos e guinchos da autora ou com reforço policial”.
Manifestantes fazem protesto em rodovia no Rio de Janeiro — Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
Na sequência, o ministro Alexandre de Moraes, do (STF), ordenou que a PRF e as polícias militares dos estados tomassem ações imediatas para desobstrução de vias ocupadas ilegalmente. Moraes atendeu a pedidos da Confederação Nacional dos Transportes e do vice-procurador-geral eleitoral.
A decisão de Moraes foi acompanhada, em uma sessão virtual do STF, pela maioria dos ministros da Corte na madrugada desta terça.
Manifestantes ateiam fogo em pneus e lixo na Dutra, altura de Nova Iguaçu — Foto: Reprodução/TV Globo
Multa para o diretor da PRF
Alexandre de Moraes também estipulou para o diretor da PRF, Silvinei Vasques, em caso de descumprimento da ordem, multa de R$ 100 mil por hora e eventual afastamento do cargo.
Moraes intimou Silvinei, o ministro da Justiça, Anderson Torres, todos os comandantes das polícias militares estaduais, o procurador-geral da República, Augusto Aras, e os procuradores de Justiça dos estados para tomarem “as providências que entenderem cabíveis, inclusive a responsabilização das autoridades omissas”.
Na decisão, Moraes escreveu que movimentos reivindicatórios não podem impedir o restante da sociedade de exercer seus direitos.
Para o ministro, pode configurar abuso “impedir o livre acesso das demais pessoas aos aeroportos, rodovias e hospitais, por exemplo, em flagrante desrespeito à liberdade constitucional de locomoção (ir e vir), colocando em risco a harmonia, a segurança e a Saúde Pública, como na presente hipótese”.
Fonte:https://g1.globo.com