Braga Netto pediu pessoalmente dispensa de licitação para compra suspeita
Então interventor na Segurança Pública do RJ, ex-ministro argumentou que coletes à prova de balas estavam para vencer, mas foi alertado de que deveria seguir preços de mercado.
O ministro da Casa Civil, Walter Souza Braga Netto, durante coletiva no Palácio do Planalto — Foto: TV Brasil/Reprodução
Candidato à vice-presidência na chapa de Jair Bolsonaro (PL), o ex-ministro e general da reserva Walter Braga Netto solicitou, pessoalmente, autorização do Tribunal de Contas da União para comprar coletes à prova de balas para o estado do Rio de Janeiro, quando sob sua intervenção na gestão Michel Temer (MDB), sem licitação de preços.
A compra, sob suspeita de conluio e superfaturamento, desencadeou operação da Polícia Federal nesta terça (12) contra integrantes do gabinete de Intervenção Federal no Rio. Braga Netto chefiou a unidade. Ele não foi alvo de busca, mas teve o sigilo telefônico quebrado.
Documentação à qual o blog teve acesso detalha a tentativa do ex-interventor de obter autorização para compras sem licitação durante a atuação no Rio. Ele cita, na peça, textualmente, a necessidade de comprar mais de 8 mil coletes à prova de balas que estariam para vencer. Essa é a compra que, segundo as autoridades, levou à operação de hoje.
Ao TCU, Braga Netto escreveu que “a exemplo da necessidade pontual apresentada pela Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, [há a] de reposição de 8.571 (oito mil quinhentos e setenta e um) coletes balísticos, por término do prazo de validade, a partir de outubro de 2018. O uso desse material bélico é de importância vital para o agente de segurança pública em serviço, tendo em vista a grande quantidade de armamento pesado (fuzil), atualmente, utilizado por criminosos”.
“O colete balístico é um produto controlado e de uso restrito às Forças Armadas e Policiais. Além de implicar em longo processo de habilitação e qualificação de fornecedores, requer um criterioso e lento processo de teste de amostra sem laboratórios credenciados, quanto à resistência balística (ensaios destrutivos), afim de mitigar riscos inerentes às condições perigosas ou inseguras para o usuário”, prosseguiu o ex-ministro de Bolsonaro na peça.
Fonte da matéria:https://g1.globo.com