Fortalecimento e ampliação de ações para pessoas com TEA são debatidas na Alece
Foto: José Leomar
A necessidade de fortalecer ações e políticas públicas voltadas a pessoas com transtorno do espectro autista (TEA) no Estado foi debatida em audiência pública realizada Comissão da Infância e Adolescência da Assembleia Legislativa do Ceará, na manhã desta segunda-feira (03/04). A iniciativa faz parte das ações na Casa em alusão à Semana de Conscientização sobre o Autismo.
A presidente da comissão, deputada Luana Ribeiro (Cidadania), que solicitou o encontro, disse que o objetivo é ampliar a conscientização da população sobre o autismo, assim como capacitar de informações os profissionais presentes, sobretudo aqueles que atendem e convivem com pessoas com autismo. “A gente precisa dessa conscientização. Ainda existe muito preconceito, muita desinformação. Eu, como mãe de autista, sofro também. A cada dia sofro com esse preconceito. Então precisamos, realmente, estar informados”, pontuou.
Paralelo às necessidades, há avanços. Na avaliação da deputada Luana Ribeiro, é possível celebrar os avanços da causa, sobretudo no que se refere à desmistificação do transtorno, “diminuição de preconceito e redução das críticas infundadas em relação aos autistas”. “Principalmente quando adquirimos a consciência de que estes possuem habilidades e capacidades suficientes para se desenvolverem em diversas áreas, a partir do diagnóstico precoce e do tratamento multidisciplinar”, ressaltou.
A parlamentar homenageou ainda os pais e cuidadores de crianças com TEA, reconhecendo os desafios de conviver diariamente com pessoas com essa condição, vivenciando “experiências desafiadoras”. “Agradeço aos profissionais que puderam transmitir conhecimentos nesta audiência pública. Obrigada por acrescentarem respeito, valor e felicidade na vida dos autistas e por colaborarem para a integração destes em sociedade”, disse.
A primeira-dama da Alece, Cristiane Leitão, afirmou que é necessário que toda a sociedade cearense e brasileira “acorde para esse tema”, de modo a lutar pela real inclusão. Cristiane, que também é fonoaudióloga, destaca a importância de ampliar a disponibilidade de profissionais das mais diversas áreas, uma equipe multidisciplinar para garantir o desenvolvimento da pessoa com TEA.
“O desenvolvimento infantil acontece nos cinco primeiros anos. Então, é necessário correr, com uma estimulação precoce, com um bom atendimento, para que a criança possa se desenvolver como um todo. Com envolvimento de profissionais da saúde e da educação, mas, principalmente, da família”, afirmou.
De acordo com a primeira-dama, é necessário ainda pensar na empregabilidade de pessoas com transtorno do espectro autista, a exemplo de um projeto de indicação do presidente da Alece, deputado Evandro Leitão (PDT), que regulamenta cotas de 5% das vagas de trabalho em órgãos públicos para pessoas com TEA, síndrome de Down, limitação sensorial e outros. “Precisamos ver essa questão da empregabilidade. Estamos tentando receber essas pessoas na Casa. Vamos iniciar, ainda este semestre, essa questão da empregabilidade”, anunciou.
O deputado federal Idilvan Alencar (PDT-CE) destacou dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontando que o autismo é a condição de cerca de 1% da população mundial. No Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a estimativa seria de mais de dois milhões de pessoas com autismo. Para o parlamentar, é extremamente necessário discutir políticas públicas para atender uma demanda que vem crescendo com mais diagnósticos, com atenção ao ambiente escolar.
“Segundo o censo escolar de 2021, 294.394 alunos com autismo cursaram os ensinos infantil, fundamental ou médio das redes pública e privada do País. Números que chamam atenção. Mas, segundo educadores e terapeutas, representam apenas uma parcela do universo que deveria frequentar a sala de aula. Outro ponto crítico é a falta de capacitação dos profissionais da escola para atender os estudantes com essa condição”, apontou Idilvan Alencar.
Audiência contou com apresentação do grupo de contação de história Grupo Bó Contá – Foto: José Leomar
A presidente da Associação Fortaleza Azul e mãe de autista, Daniela Botelho, enfatizou a importância de ampliar as informações e a conscientização sobre o que é o autismo. Na avaliação dela, muitas pessoas que não têm um autista na família ou não têm convivência com algum acabam por não compreender a realidade dessa pessoa. “O autismo não tem cara. Você não olha para uma pessoa e diz que ela tem cara de autista. É necessário conviver com a pessoa”, observa. Segundo ela, a audiência fortalece o conhecimento.
Participaram ainda do debate os deputados Sargento Reginauro (União) e Lia Gomes (PDT); o neuropediatra do Ciadi, André Manganelli; a vice-presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência/OAB Ceará, Cristina Rocha; vereadores de diversos municípios; profissionais de áreas diretamente ligadas ao desenvolvimento de crianças com TEA, como fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, professores; pais e pessoas com a condição.
Além da audiência pública desta segunda-feira, a Alece realiza, na terça-feira (04/04), às 17h, sessão solene em homenagem ao Dia Internacional da Conscientização sobre o Autismo – celebrado no dia 02 de abril – e, na quarta-feira (05/04), das 8h30 às 17h, o Seminário Ciadi “Autismo: Mais informação, menos preconceito”, no auditório da Unipace, no 6º andar do anexo II.
Fonte da matéria:https://www.al.ce.gov.br