Pacientes relatam o percurso do tratamento contra a dependência de álcool e outras drogas

Foto-REprodução

Unidade mantém Unidade de Desintoxicação e hospital-dia para adictos

A dependência de drogas, lícitas ou ilícitas, é uma doença crônica que afeta o corpo, a mente e o comportamento do indivíduo. Se não tratada, pode levar à morte. A adicção pode ocorrer com diversas substâncias. A questão é considerada um problema de saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Para ampliar discussões sobre a temática, o Dia Nacional de Combate às Drogas e Alcoolismo foi instituído em 20 de fevereiro.

Por meio do acolhimento e do diálogo, é possível promover bem-estar e devolver qualidade de vida ao adicto. No Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), da rede da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), a Unidade de Desintoxicação atende pessoas que desejam, de forma voluntária, tratar a dependência de álcool e de outras drogas.

LEIA TAMBÉM: Referência, Hospital de Saúde Mental do Ceará é espaço de apoio para devolver o desejo de vida

Foi o que aconteceu com o Márcio Andrade (nome fictício), de 33 anos. Ele está há menos de um mês na Unidade. “Ainda é doloroso falar sobre o que eu passei. Foram muitos anos usando maconha, cocaína e crack, além da bebida alcóolica. Cheguei a usar medicamentos psicotrópicos no meio de tudo isso. Fiquei tão viciado que cheguei a vender tudo o que eu tinha para comprar drogas: TV, computador e até a minha moto. Também vendi alguns objetos dos meus pais, o que complicou ainda mais meu relacionamento com eles”, lamenta.

O paciente chegou ao HSM após ter alucinações e sentir tonturas e fraquezas. “Aqui, encontrei o amparo que precisava. O meu objetivo é ‘ficar limpo’. Não posso mais deixar a droga me destruir; quero mudar de vida totalmente, voltar a trabalhar, recuperar o amor e a confiança do meu filho e dos meus pais”, afirma.

A psiquiatra Liana Castro Alves explica que o tratamento no serviço é desenvolvido por uma equipe multidisciplinar formada por psiquiatras, psicólogos, nutricionistas, enfermeiros, assistentes sociais e terapeutas ocupacionais, e inclui uso de medicamentos, psicoterapia, atividades físicas, além de rodas de conversas, jogos interativos, leituras e momentos de reflexões individuais e em grupo.

Psiquiatra Liana Castro Alves é uma das profissionais integrantes da equipe multidisciplinar que assiste pacientes em abstinência

“É necessário oferecer essa assistência ao paciente, pois, se não for realizada uma terapia especializada, diante da falta de controle sobre droga, o corpo pode não dar conta do uso dessas substâncias. Podem surgir alterações graves como arritmias, convulsões, depressão respiratória, chegando a correr risco de morte”, alerta.

O adicto, acompanhado ou não de um familiar, deve buscar a Emergência do HSM manifestando o desejo de ser tratado pela Unidade de Desintoxicação.

Hospital-dia – Elo de Vida

Depois desse primeiro passo, outro serviço disponível no HSM é o Hospital-dia – Elo de Vida, no qual o paciente é incentivado a dar continuidade ao processo de abstinência. No equipamento, é trabalhada a mudança de hábitos a partir de um projeto de vida sem o uso de substâncias psicoativas e a reinserção na sociedade.

Os pacientes do Elo de Vida são recebidos após passagem pela Unidade de Desintoxicação para aprenderem a manter a abstinência e a conviver com os colegas de forma harmoniosa por meio das atividades cognitivas e sociais. “Existe a necessidade de prevenção e tratamento para o problema não se tornar crônico. É importante ter uma troca de diálogo constante sobre o assunto”, frisa o psiquiatra Arão Zvi Pliacekos.

O motorista de caminhão André Luiz Barbosa (nome fictício), de 37 anos, é acompanhado há três meses pelo serviço. Para aguentar horas na direção, sem dormir, ele afirma que fazia uso de rebite (droga derivada da anfetamina que dá uma falsa sensação de excitação e bem-estar, durando de 4 a 12 horas no corpo). A substância pode provocar tontura, dor de cabeça, náusea, visão turva e aumento da frequência cardíaca.

“Eu também usava cocaína com a intenção de ficar mais tempo acordado no trabalho, mas esses vícios só me trouxeram prejuízos físicos e emocionais. Perdi o emprego, separei-me da mãe do meu filho, tive problemas com outros relacionamentos. Agora, o que eu quero é não precisar mais usar drogas e dar continuidade ao meu tratamento. Estou no caminho certo e sei que já deu certo”, diz.

Serviço

Unidade de Desintoxicação e Hospital-dia – Elo de Vida
Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto
Onde: Rua Vicente Nobre de Macedo, s/n – Messejana, Fortaleza
Contatos: (85) 3101-4348 / 3101-4346 / 3101-4320 / 3101-4321

Fonte:https://www.ceara.gov.br

Compartilhe nas redes sociais

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *