+Papo +Atitude: Prevenção ao abuso e exploração sexual de adolescentes entram em pauta nas rodas de conversa
Ascom SPS – Texto
Mariana Parente – SPS – Fotos
A iniciativa integra a programação da SPS para o Maio Laranja
“A questão da informação é uma das coisas mais valiosas que nós temos. Sabemos que muitos dos jovens que estão em escolas já sofreram alguma violação dos seus direitos. Sabemos que muitas vezes o adolescente tem medo de falar, medo de que aquilo saia. As rodas de conversa também servem para isso. É um espaço de fala que eles têm, que muitas vezes eles não tem em casa, não tem na escola, então é realmente um momento de fala com os adolescentes”, explica a supervisora e psicóloga do +Papo +Atitude, Érica Pinheiro, projeto da Secretaria da Proteção Social que transforma as salas de aula em rodas de conversa, acolhimento e atividades que estimulam o protagonismo juvenil.
Neste mês de maio, em alusão ao Maio Laranja, ações de prevenção e combate ao abuso e exploração de crianças e adolescentes, estão sendo tema central nas rodas de conversa do projeto. Atualmente, o projeto atua em 17 escolas de Fortaleza, Sobral, Juazeiro do Norte e Quixadá.
Neste mês, além de trazer a temática para dentro das rodas, o projeto está realizando uma programação especial, promovendo palestras para escolas contempladas com a ação. A escola de ensino médio em tempo integral Jaime Alencar de Oliveira, no bairro Luciano Cavalcante, recebeu a atividade nesta semana.
Gisele Paiva (17) está no 3º ano do Ensino Médio e é uma das integrantes do +Papo +Atitude na instituição. “Nas rodas, falamos sobre assuntos que eu me interesso bastante, como relações abusivas, questões sobre o futuro, que eu tinha muitas opiniões sobre, mas tinha muito medo de expor. E estar ali, vendo os meus colegas falando, me encorajou a também falar”, lembra.
Ela destaca a necessidade de momentos que abordem a temática junto à juventude. “Não só a questão de conhecer sobre o Maio Laranja, mas a questão da educação sexual é algo fundamental para as crianças e para os adolescentes. Porque eles podem se tornar uma vítima sem sequer saber o que está acontecendo. Que ele é uma vítima, que aquilo é errado e que ele deve procurar ajuda”, completa.
Iniciativa da Secretaria da Proteção Social (SPS), por meio da Secretaria Executiva de Políticas Sobre Drogas, o +Papo +Atitude vem sendo realizado desde 2022 em escolas do Estado localizadas em bairros de maior vulnerabilidade social. No total, 3.736 jovens foram beneficiados com a metodologia do projeto e, atualmente, 1.011 alunos participam dos encontros.
As rodas acontecem três vezes por semana em cada escola, tendo em vista que o projeto trabalha com três grupos distintos de até 20 alunos cada. A participação é uma escolha dos estudantes e são eles quem decidem os temas tratados ao longo do ciclo, bem como definem os acordos de convivência do grupo.
A ação é realizada em parceria com universidades, que disponibilizam estudantes de psicologia para conduzirem os debates nas escolas. Júnior Pessoa é um dos responsáveis pela condução dos encontros na escola Jaime Alencar de Oliveira. “O projeto é desenvolvido em duas ideias principais: o papo, que é o momento da gente falar, conversar sobre a temática, pensar sobre ela; e a atitude, que é o momento de produzir alguma coisa. A depender da temática, produzimos para ser colocada junto à escola, ou então um processo mais individual deles”, explica.
Ele reitera a importância de trabalhar temáticas de prevenção. “Boa parte dos casos de abuso são vivenciados dentro do núcleo familiar, e por esses temas terem uma sensibilidade, é difícil para eles poderem trazer. Então, trabalhar sobre isso é uma forma deles se informarem, ficarem atentos, se conscientizarem sobre a situação, sobre a campanha e também pensar sobre estratégias: o quê que eu posso fazer numa situação como essa, qual é a minha rede de apoio que eu posso estar buscando… Então a ideia é que a gente possa trabalhar isso junto com eles”, completa.
Samuel Lucas (15) integra as rodas de conversa desde o início do ano e enfatiza os impactos da atividade na sua socialização. “É muito bom conhecer pessoas novas, de opiniões diferentes, e saber um pouco da vida da pessoa, o que ela sente. Porque você passa a conversar, se conhecer e pode até ajudar, acolher, amplia muito as relações com os outros alunos”, pondera.
Para ele, muitas vezes o jovem que está em situação de abuso ou exploração tem medo de denunciar, e os colegas podem ajudar na situação, através de conversas, escuta e acolhimento. “É preciso saber lidar, observar. Isso pode acontecer com um amigo, um conhecido de outra sala, mas você sabendo chegar, você consegue falar, se aproximar, e em caso de denúncia, você consegue ajudar sim, porque tem muita gente que não faz por conta de medo”, aponta.
Coordenadora da escola, Gláucia Gonçalves pontua que o apoio psicológico e a escuta qualificada, dentro da escola, são imprescindíveis para a construção dos jovens. “Eles vêm muito fragilizados dos dois anos de pandemia e isso ficou muito concreto pra gente, então é fundamental uma escuta qualificada, uma roda de conversa onde eles se sintam legitimados. Esses meninos precisam que alguém escute, que alguém veja, que alguém compartilhe essa dor que eles sentem, e externar é a melhor maneira, principalmente na adolescência”, frisa.
Para denunciar violações de direitos das crianças e adolescentes
O Ceará conta com a Casa da Criança e do Adolescente, espaço que reúne as principais instituições e órgãos de atendimento a crianças e adolescentes em situação de violência e seus familiares. Sob coordenação da SPS, a unidade funciona de segunda a segunda, com atendimento 24h. Entre em contato (85) 3108.0500 ou (85)98736.4088.
Fonte: Governo do estado do Ceara