Prisão de comparsa de ‘Majestade’ resultou em racha de facção, mortes e mais detenções em Caucaia
Chefe de grupo criminoso em três territórios ordenou comparsas a trocar de facção, o que gerou os conflitos, segundo fonte da SSPDS
Foto: Divulgação/ SSPDS
A prisão de José Roberto Silva Barbosa, o ‘Zé Caucaia’, de 29 anos – comparsa de Francisca Valeska Pereira Monteiro, a ‘Majestade’ – resultou em um racha na facção carioca, em mortes e em mais detenções, em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). O suspeito detinha um fuzil calibre 556, quando foi capturado pela Polícia Militar do Ceará (PMCE), no dia 17 de novembro último.
De acordo com uma fonte da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), que não quis se identificar, ‘Zé Caucaia’ tinha papel de liderança na facção carioca, em bairros como Parque Potira e Nova Metrópole, em Caucaia, e até no Conjunto Ceará, em Fortaleza.
Com a prisão, ele não se sentiu amparado pela facção e desconfiou que alguém da própria facção o denunciou. Então, ele mandou um recado, para traficantes que trabalhavam para ele, para ‘rasgarem a camisa’ e irem para a Massa (facção cearense).”FONTE DA SSPDSNão quis se identificar
Mas nem todos os integrantes da facção carioca aceitaram a ordem, houve um racha e começaram os conflitos. Desde a prisão de ‘Zé Caucaia’ (há 26 dias), segundo a fonte da SSPDS, ocorreram pelo menos 8 homicídios, 18 prisões e 16 armas de fogo apreendidas, na região que era dominada por ele. “Eles eram amigos, mas agora estão se matando”, aponta o policial.
“Quando racha uma facção em uma área, todas as mortes que ocorrem lá são relacionadas a isso. A Polícia está atenta e já reforçou o policiamento ostensivo na região”, acrescenta.
Um dos últimos crimes motivados pela disputa entre membros da facção carioca e dissidentes – que aderiram à organização criminosa cearense – foi o assassinato de um homem identificado como Francisco Guilherme, no Parque Potira, no último sábado (10).
José Laedson Viana Andrade, de 20 anos, Alexandre Lacerda Silveira, 19, Levi de Sousa Alves, 18, e um adolescente de 17 anos foram capturados em flagrante, por equipes do 12º Batalhão Policial Militar (12º BPM), logo após o crime. Com eles, foram apreendidas duas pistolas calibre 380, um revólver calibre 38 e 22 munições.
Interrogados na Delegacia Metropolitana de Caucaia, da Polícia Civil do Ceará (PC-CE), os adultos confessaram dar apoio à ação criminosa, mas alegaram que o assassinato foi cometido pelo adolescente de 17 anos. A motivação do crime, segundo os suspeitos, foi o fato de a vítima trocar a facção carioca pelo outro grupo criminoso, além de expulsar moradores do bairro Parque Potira e atuar como informante da nova facção.
POLÍCIA APREENDEU FUZIL COM ‘ZÉ CAUCAIA’
José Roberto Silva Barbosa, o ‘Zé Caucaia’, foi preso pela Polícia Militar, junto de um comparsa, no Município de Boa Viagem (a cerca de 220 km de distância de Fortaleza), no último dia 17 de novembro.
Com a dupla, foi apreendida uma pistola calibre Ponto 40, com três carregadores. Na sequência da ação, os policiais militares foram até um imóvel, no bairro Messejana, em Fortaleza, e encontraram um fuzil calibre 556.
Segundo as investigações, ‘Zé Caucaia’ é comparsa de Francisca Valeska Pereira Monteiro, a ‘Majestade’, de 27 anos, em uma facção carioca. A dupla foi alvo da Operação Annulare, da Polícia Civil do Ceará, que cumpriu mais de 800 mandados de prisão e de busca e apreensão, em novembro de 2021, em mais de 50 cidades cearenses.
A Operação foi desenvolvida a partir da prisão de ‘Majestade’, em agosto do ano passado, em Gramado, no Rio Grande do Sul. O aprofundamento da investigação sobre a atuação da mulher na facção carioca permitiu a Polícia a mapear outros integrantes do grupo criminoso, em todo o Estado.
RACHA EM OUTRA FACÇÃO NO CEARÁ
Grupos criminosos que atuam no Ceará se associam e racham, com frequência. Comparsas viram rivais, e vice-versa. Em outro movimento ocorrido neste ano de 2022, membros de uma outra facção cearense “rasgaram a camisa” e se uniram a outra facção carioca, que até então não tinha atuação no Ceará.
A revelação foi feita em uma denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), que integra o programa ‘Tempo de Justiça’. A ruptura teria causado uma sequência de mortes em fevereiro último, em Fortaleza.