Saiba como identificar sinais da puberdade precoce; problema tem tratamento e CIDH é referência no Estado

Thiago Mendes – Ascom CIDH – Texto e Fotos

Marilane Abreu, 42, acompanha há dois anos a filha Laura no tratamento da puberdade precoce. CIDH é referência na área

De repente, o corpo muda. Surgem os primeiros pelos, aparecem as mamas e o corpo começa a mudar. A puberdade é a fase natural de transição entre a infância e a vida adulta e ocorre entre 8 e 13 anos nas meninas e entre 9 e 14 anos entre os meninos. Quando essas mudanças começam a aparecer mais cedo, porém, pode ser um aviso de que há algo errado com o relógio biológico e é hora de procurar atendimento médico.

“Nós temos observado um crescimento da puberdade precoce, principalmente entre meninas, com aparecimento dessas características (surgimento de mamas, pelos pubianos) aos 6, 7 anos, ou na idade limite, 8. Se isso não for observado atentamente pelos pais, esse processo pode culminar com menstruação precoce e alterações psicológicas”, alerta Marcela França, endocrinologista e diretora clínica do Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão (CIDH), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) referência no tratamento de puberdade precoce.

As causas da puberdade precoce estão relacionadas principalmente a fatores ambientais, psicológicos e até genéticos, especialmente da herança paterna. Além dos impactos psicológicos, o problema acende alerta para riscos de abusos sexuais e gravidez na adolescência depois da menarca (primeira menstruação), no caso das meninas.

Marcela França explica que os pais devem estar atentos ao surgimento de características corporais ligadas a questões sexuais. Nas meninas: aparecimento do broto mamário, ou seja, o crescimento do seio, e de pelos pubianos. Nos meninos: aumento dos testículos, pelos pubianos e mudança na voz. A identificação do aumento dos testículos nos meninos é especialmente mais difícil, uma vez que é algo mais reservado e nessa idade as crianças costumam tomar banho sem os pais.

Fatores ambientais

A obesidade é o fator ambiental que requer maior atenção de pais e responsáveis. “Muitas vezes os pais confundem se aquele aparecimento da mama é um fator a observar ou só uma gordurinha. Então, na dúvida, procure um pediatra ou médico de saúde da família e, em se caracterizando a precocidade, procure um especialista”, aconselha Marcela.

A endocrinologista explica que existem interações metabólicas e hormonais desencadeadas pela má nutrição, geralmente associada à obesidade. Por isso, é preciso valorizar a inserção de frutas e verduras no cardápio e evitar o consumo descontrolado de ultraprocessados, frituras, gorduras e açúcares.

Outros fatores ambientais associados à puberdade precoce são, segundo Marcela, o contato do organismo com substâncias que podem atuar como desreguladores endócrinos, como agrotóxicos e o bisfenol-A (BPA), presente em materiais de plástico e latas de refrigerantes. Desde 2012 está proibida, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a venda de mamadeiras e outros utensílios para lactantes contendo o BPA, em razão de pesquisas que relacionam possíveis riscos da exposição a esse componente na infância.

Mais recentemente, uma pesquisa apresentada no encontro anual da Sociedade Europeia de Endocrinologia Pediátrica apontou relação entre puberdade precoce e alta exposição a telas digitais (presentes em celulares, tablets e computadores). Daí a importância de brincadeiras sem tela e exercícios físicos na infância.

Tratamento no CIDH

Laura Oliveira,10, faz acompanhamento de puberdade precoce há dois anos no Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão (CIDH), unidade de referência na rede Sesa para o problema

Quem tem o diagnóstico de puberdade precoce encontra apoio para o tratamento no Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão (CIDH) com equipe multiprofissional formada por médicas endocrinologistas pediátricas, enfermeiros, assistentes sociais, nutricionistas e farmacêuticas. Os medicamentos, de alto custo, são gratuitos, custeados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Neste ano, o SUS passou a disponibilizar o tratamento com os medicamentos triptorrelina e leuprorrelina, de uso semestral, trazendo menos dor e mais facilidade para o tratamento.

A nutricionista Marilane Abreu de Oliveira, 42, conta que tudo aconteceu muito rápido. Entre os primeiros sinais que identificou na filha Laura (crescimento do seio e pelos pubianos e na axila) e o diagnóstico, tudo demorou entre dois e três meses. “Quando eu e o pai dela percebemos, ficamos nervosos, mas já havia casos na família e a gente sabia que existia o tratamento”, explica Marilane.

A mãe de Laura lembra que é muito importante pais e responsáveis ficarem atentos aos sinais no corpo das crianças, buscando o diálogo e o respeito. “Sempre peço licença para tocar no corpo dela”, ensina Marilane.

Laura hoje tem 10 anos e se trata desde os 8 no CIDH, quando surgiram os primeiros sintomas da puberdade precoce. “Aqui tem a possibilidade da gente tomar os medicamentos para retardar o aceleramento da puberdade. Foi muito bom porque não sei se a gente ia ter condições de pagar de forma privada, porque é um tratamento caro. De forma geral nos aliviou ter esse tratamento e ser atendido aqui pelo Centro”, descreve Marilane.

O Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão (CIDH) recebe pacientes com puberdade precoce mediante encaminhamento e diagnóstico realizados no serviço de atenção primária. Caso tenha o encaminhamento e o diagnóstico, entre em contato (telefone ou WhatsApp) com o Núcleo de Atendimento ao Cliente do CIDH (85) 3101-1532 para saber quais exames e documentos levar para a consulta.

Serviço:

Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão (CIDH)
Endereço: Rua Silva Paulet, 2406 – Dionísio Torres – Fortaleza – CE
Núcleo de Atendimento ao Cliente do CIDH: (85) 3101-1532 (telefone ou WhatsApp)

Fonte da matéria:https://www.ceara.gov.br

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