Setembro Amarelo: Psicologia auxilia no tratamento integral de pacientes da Rede Sesa

Thiago Andrade, Teresa Fernandes e José Avelino Neto- Ascom IPC, HRN e HRSC – Texto
Teresa Fernandes e José Avelino Neto – Foto

Com o intuito de ajudar na saúde mental de pacientes e acompanhantes no hospital, HRN promove roda de conversa terapêutica

Se é verdade que corpo e mente estão inteiramente ligados, então é fato que enfermidades físicas podem contribuir com o surgimento de transtornos psicológicos, assim como doenças psicológicas podem gerar males físicos. Por isso, os pacientes atendidos nos hospitais da rede da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) contam com apoio psicológico para ajudá-los a enfrentarem o período de adoecimento.

“Em relação ao atendimento aos pacientes, o objetivo da psicologia é minimizar o sofrimento. Dependendo do diagnóstico e do período de hospitalização, é preciso dar apoio ao paciente e à família, que também sofre”, ressalta a psicóloga do Hospital Regional Norte (HRN), em Sobral, Izabella Carvalho. Segundo ela, é preciso que o paciente seja visto de modo holístico. A psicóloga explicou que os males que estão no corpo podem afetar a mente e também outras áreas, como as dimensões social e econômica dos pacientes. No HRN, os atendimentos prioritários são de pacientes vítimas de tentativa de suicídio ou de violência sexual, além dos críticos que estão nas Unidades de Terapias Intensivas (UTIs) e em cuidados paliativos na Unidade de Cuidados Especiais (UCE) e que têm doenças crônicas ou limitadoras da vida como HIV e lúpus.

Além dos atendimentos individuais e à beira leito, com o objetivo de promover o acolhimento e o cuidado de forma integral, o serviço de psicologia do HRN promove, em parceria com o serviço social e a equipe multiprofissional, rodas terapêuticas para os pacientes e rodas de conversa para acompanhantes, familiares e para os colaboradores.

As rodas terapêuticas são intervenções em grupo que repercutem diretamente na recuperação do paciente. Os grupos funcionam como um espaço acolhedor, no qual o paciente passa pelo processo de identificação com o outro, relacionado à vivência semelhante, e consegue expressar seus anseios e angústias diante o enfrentamento da internação.

“Gera maior conforto e adaptação ao ambiente hospitalar, na construção de vínculos sociais, por ser um espaço possível para elaboração sobre o processo de adoecimento e hospitalização. Criar esses espaços acolhedores traz repercussões emocionais que auxiliam, por exemplo, no manejo da ansiedade ou humor deprimido e outros aspectos vivenciados durante a internação”, explica a psicóloga Thallynne Rosendo da Costa.

O projeto “Conversa com acompanhantes” acontece periodicamente nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) 3 e 4 e em setores de internação. Durante os momentos, os acompanhantes são orientados sobre normas hospitalares, controle de infecção hospitalar, papel do acompanhante, direitos e deveres dos usuários do SUS, além de poderem conversar sobre implicações psíquicas da internação.

“Esses momentos são fundamentais porque favorecem o processo de adaptação ao ambiente e à rotina hospitalar e possibilitam o desenvolvimento de estratégias de autocuidado durante o período da hospitalização”, ressalta a psicóloga Dalila Vasconcelos.

HRSC conta com projetos com foco na saúde mental promovidos pela assistência

No Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), o cuidado com quem cuida é uma das ações desenvolvidas em dois diferentes projetos. A Jornada do Acompanhante é um deles, no qual direção, gestores e o serviço de psicologia escutam as reivindicações e propostas de melhorias dos acompanhantes, além de suas angústias e anseios.

“A Jornada é um momento onde eles podem se identificar, dizer o que sentem, e quando percebemos alguém mais aflito, com uma necessidade maior, a gente já faz um acompanhamento mais de perto”, explica o psicólogo hospitalar do HRSC, Claudione Lima.

No HRSC, projeto foca em garantir habilidades socioemocionais dos acompanhantes

Promovido pelo Serviço Social da unidade, o projeto Cidadão Consciente é um outro momento oportuno em que o serviço de psicologia atua, com vistas a garantir assistência e cuidado mais especializado aos acompanhantes de pacientes, sobretudo aqueles em idade mais avançada. Claudione Lima reflete que assumir o lugar que um dia foi daquele que está na condição de paciente, requer habilidade. “Esse é um momento de amparo, onde nós costumamos estimular a perspectiva do privilégio de ser um cuidador, você tem a oportunidade de retribuir o afeto, o amor e o carinho que recebeu daquela pessoa durante toda a vida, sendo o acompanhante dele”.

Para o psicólogo, a transferência de pensamento, em que o acompanhante passa a se enxergar como alguém privilegiado por cuidar de alguém, atenua as tensões que advêm do período de internação. “É complicado estar longe de casa, surge o estresse, a ansiedade, mas ali é a chance de exercer sua solidariedade humana, e ajudamos o acompanhante a se enxergar dessa forma”, diz.

Doenças graves e saúde mental

O diagnóstico de doenças graves é reconhecidamente um fator de risco associado à ideação suicida. Tanto a notícia do adoecimento como a expectativa de um difícil tratamento podem ser geradores de angústia em pacientes e familiares. Daí a importância de identificar sinais que predizem o grau de vulnerabilidade para o adoecimento mental.

“Qual a percepção que o paciente tem da doença? Já acompanhou ou perdeu pessoas que passaram pela mesma enfermidade? Há um luto recente?”, questiona Lourdes Oliveira, psicóloga do Instituto de Prevenção do Câncer do Ceará (IPC), unidade da Sesa.

A psicóloga explica que são muitos os possíveis impactos emocionais decorrentes dos desafios do enfrentamento de uma doença grave. “São levantados temas como a perda da autonomia, a perda da função social dentro da dinâmica familiar, há ainda um contato mais direto com a finitude, com a possibilidade de morrer, e também com a dor”, enumera a psicóloga.

Para lidar com a questão, várias estratégias devem ser consideradas. Além do apoio emocional de amigos e familiares, Lourdes ressalta a importância da comunicação entre a equipe de saúde e as pessoas da família, bem como a possibilidade de acompanhamento psicoterápico ou psiquiátrico. “É preciso desfazer os mitos. Dar suporte e informações deixa a pessoa mais segura. É o que fazemos”, comenta a psicóloga do IPC.

Fonte da matéria:https://www.ceara.gov.br

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