Dia Internacional da Mulher: a ousadia de ser sonho e mudar a realidade
Ascom Supesp – Texto e fotos
Juliana Mendes – Designer
Equipe feminina da Supesp, composta atualmente por 17 mulheres, constitui 42,3% do quadro total do órgão
Quando questionada porque pilotaria um avião ao redor do mundo, ela simplesmente respondeu “porque eu quero”. Essa resposta na boca de um homem seria normal, mesmo na década de 30 do século passado. Não saindo da boca de uma mulher. Mas foi por sua ousadia e perseverança, que a norte americana Amelia Mary Earhart, a primeira mulher a se tornar a primeira a pilotar um avião e atravessar o Oceano Atlântico, ficou marcada na história e inspirou milhares de outras mulheres a não titubear quando o assunto fosse viver seus sonhos e desejos. Simplesmente por querer, sem reticências.
Atualmente, na equipe de Estatística e Geoprocessamento (Geesp) da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp), Cleudimar Nobre Dantas (48), precisou ser ousada como toda nordestina para ganhar algum espaço no mercado de trabalho. Deixou a família em Tabuleiro do Norte/CE e seguiu para São Paulo, onde a oportunidade na área de estatística era mais promissora.
Em 2005, São Paulo era o único caminho para recém-formados no mercado para Estatística
Pós-graduada em Estatística Aplicada pela Centro Universitário em Brasília (UDF), Cleudimar depois atuou em empresa de análise de crédito e risco, no Distrito Federal, onde começou a formação de sua família e retornou ao Ceará para o quadro de estatísticos da Supesp. Filha de comerciante e dona de casa e com irmão caminhoneiro é a primeira a seguir uma carreira com graduação em Estatística pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e uma pós. Não desistir de suas realizações, sonhos, é sempre uma parte bem difícil na vida de qualquer pessoa. Para elas, a tarefa é redobrada!
“Tudo que vivi, todos os desafios e as dificuldades, desde a chegada na Casa do Estudante em Fortaleza, onde tive uma experiência formidável em minha formação, foram primordiais para o meu desenvolvimento, para que me tornasse a profissional que sou hoje e cada jornada serviu de degrau para minha evolução profissional e pessoal”, conta Cleo, como é mais conhecida entre os amigos e que cativa todos com sua espontaneidade.
Humanizar os cálculos
Sua relação profissional com os cálculos, números, setor administrativo no setor público já completam quase 15 anos, entre a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS-CE) e a própria Supesp, onde integra a Gerência Financeiro Administrativa (Gefin). Nesse período, apesar de não exercer cargo de chefia, Leidiane Gomes de Sousa, (38), aprendeu como a maioria das mulheres, a liderar e a comandar o leme da própria vida e seus desafios.
Leidiane compõe o quadro da Gerência Financeira (Gefin) da superintendência
“É um processo em permanente construção, a ocupação de espaços estratégicos, o respeito que as mulheres conquistam todos os dias. Minha mãe continua sendo meu grande exemplo, mesmo com sua partida em 2021, e pude acompanhar de perto a luta de muitas mulheres, civis, militares, gestores, mães, quando estive no setor de pensão previdenciária da secretaria; um aprendizado grande poder ajudar e partilhar muitas histórias. Sou uma mulher forte porque fui criada por alguém mais forte do que eu.”, diz a auxiliar administrativa.
Com formação em Pedagogia, Recursos Humanos e especialização em licitações (em curso), Leidiane assumiu a função administrativa na Gefin e sua trajetória na secretaria mostrava que os novos desafios seriam superados com o mesmo zelo, atenção, carinho e profissionalismo. Com cursos na área de Combate a Violência de Gênero, Jornada Formativa de Direitos Humanos, Segurança da Informação entre outros, a auxiliar segue realizando seus sonhos e desafiando seus limites.
A força das mulheres
O atraso de uma civilização pode ser medido pelo modo como trata suas mulheres ou, ainda, pode-se medir o tamanho da força dessas mulheres diante de tanta violência, desamor e maus tratos e, mesmo assim, presenteia o mundo ao seu redor com amor, cuidado e zelo. Parte desse cuidado existe há milênios, o cuidar da casa, da educação dos filhos, da economia do lar, mas pelo menos no Brasil só um pouco menos de dois anos foi constatado e medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no censo de 2022. Elas se dedicam 9,6 horas mais do que os homens aos afazeres domésticos e/ou cuidados de pessoas, por semana.
Priscila Falconeri, a primeira a ter um título de Doutorado na família
Como afirma a economista Priscila Falconeri, (37), assessora da Diretoria de Pesquisa (Dipas) da Supesp, as muitas mulheres ainda invisíveis e que a sociedade só está aprendendo a ver agora, são “mulheres viúvas muito cedo como minha mãe, outras solteiras, abandonadas por seu parceiros que se tornam mães solos, mulheres violentadas por aqueles que deveriam proteger e amar, mulheres que decidem se dedicar à família, que são julgadas, mulheres que querem ser mães e para as que não querem, mulheres que trabalham e desejam receber a mesma remuneração dos homens na mesma função, com jornadas duplas ou triplas de trabalho, assediadas, não valorizadas, sobrecarregadas, as não-respeitadas; minha homenagem para todas essas, sejam quais forem suas escolhas, que tenhamos sempre direitos iguais, respeito, segurança e justiça”, desabafa Priscila.
Nascida num contexto de crise econômica do país, após o fim da ditadura militar e eleições gerais no Brasil, a assessora aprendeu cedo a importância da união nas adversidades, quando os pais lutavam para sustentar a família num período de incertezas, de enfrentar os desafios de frente e viver todos os sonhos possíveis, da conclusão da graduação em Economia pela UFC até o mestrado e em seguida o doutorado em Economia, também pela UFC, tornando-se a primeira pessoa e mulher a ter um título de Doutorado e uma das poucas a ter uma graduação na família.
A inspiração? Sua mãe, e seus laços familiares, com o pai e a irmã, que, como a grande maioria das mulheres, aprendem logo cedo e logo cedo aprendem a ensinar e a transformar o mundo para um lugar mais civilizado, humano e amoroso.
Amelia Mary Earhart venceu o desafio de ser a primeira mulher a pilotar um avião e atravessar o Oceano Atlântico, Amanda Tavares, 17, tornou-se a mulher brasileira mais jovem a escalar o Paredão de Caxias (RS), o maior do país com aquele nível de dificuldade, agora em 2024, e as mulheres conseguiram entrar nas estatísticas do IBGE, mais uma vez, por fazerem o trabalho essencial, aquele que se não for feito, a roda não gira, como se diria no linguajar comum. Ela fez seu último voo pouco antes de completar 40 anos e seu avião só foi encontrado quase 90 anos depois.
Homenagem da Supesp, às mulheres que compõem seu quadro, pelo seu dia:
Fonte da matéria: Governo do estado do Ceará