Pinacoteca do Ceará realiza seminário sobre a memória negra nos museus e na produção contemporânea
Ascom Pinacoteca do Ceará – texto
Amanda Nunes – arte
Pesquisadores, restauradores, artistas e gestores de museus participam de duas mesas temáticas para debater a memória negra em acervo e arquivo
A Pinacoteca do Ceará realiza, neste sábado (9), o Seminário “Ambiências de memórias”, que discutirá acervo e arquivo em práticas negras em duas mesas temáticas. A atividade vai reunir pesquisadores, restauradores, artistas e gestores de diferentes estados para discutir a memória negra nos museus e na produção contemporânea. O seminário é gratuito e acontece no auditório do museu, que integra a Rede de Equipamentos e Espaços Culturais da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult-CE) e é gerido em parceria com o Instituto Mirante.
Diante da constante disputa acerca das noções de memória e patrimônio cultural, a atividade traz uma discussão sobre o tema a partir da contribuição e agência negra no campo das instituições de memória, assim como na produção artística contemporânea. Serão duas mesas temáticas, às 15h e às 17h, com 100 vagas a serem ocupadas por ordem de chegada. A classificação indicativa é de 12 anos e haverá recursos de acessibilidade em Libras e audiodescrição.
Na primeira mesa, Erick Santos, Leonardo Almeida e Raquel Caminha abordam o tema “Acervos afrodiaspóricos em museus cearenses”, com mediação de Jorge Silvestre. Os convidados estabelecerão vínculos temporais entre as coleções de instituições museais do Estado e as vibrações provindas do presente e do passado, abordando os desafios de documentação, conservação e possibilidades de gestão e contextualização para esses acervos e suas possíveis divulgações.
Às 17h, Jaime Lauriano, Davi Pontes e Antônio Wilame Júnior, o jovem èsù, se debruçarão sobre o tema “Arquivo na arte contemporânea”, com mediação de Gi Monteiro. Eles vão refletir sobre como o corpo, a matéria, os documentos, os objetos, as lacunas e os esquecimentos são fontes para uma produção artística contemporânea interessada em rearticular a inscrição de histórias avessas à colonialidade, esmiuçando noções de arquivo. Jaime Lauriano e Erick Santos participarão de forma remota.
O seminário integra a programação do 2º Festival Afrocearensidades, realizado pelo Governo do Estado do Ceará por meio da Secretaria da Igualdade Racial (Seir) e da Secretaria da Cultura (Secult) em parceria com o Instituto Mirante e o Instituto Dragão do Mar. Com o tema “Na Ginga dos Saberes Ancestrais”, o Festival traz ampla programação distribuída entre equipamentos culturais do Estado.
Conheça os participantes
Mesa 1: “Acervos afrodiaspóricos em museus cearenses”
Erick Santos é mestre em Conservação pela Universidade Complutense de Madrid – Espanha. Profissional com atuação em diferentes áreas da Museologia, como conservação preventiva, catalogação, produção de exposição e gestão e planejamento de acervos. Atua na área desde 2004, primeiro como colaborador no núcleo de acervo no projeto de catalogação de obras do MASP, depois como conservador no núcleo de conservação e restauro do MASP, até 2022. Trabalhou em projetos de conservação no Teatro Municipal de São Paulo, no Instituto Lina Bo e Pietro Maria Bardi e foi estagiário no Museo Nacional Reina Sofía. Coordenou o Núcleo de Conservação do Acervo da Pinacoteca do Ceará, até maio de 2024. Atualmente é coordenador do núcleo Salvaguarda do acervo do Museu Afro Brasil Emanoel Araujo.
Leonardo Almeida é doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Pós-doutor pelo PPG de Antropologia UFC/UNILAB. Foi coordenador executivo do Inventário dos Povos de Terreiro do Ceará (2022). Atualmente, está vinculado ao International Postdoctoral Program (IPP), no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento – CEBRAP. Entre os principais temas de pesquisa estão as religiões afro-indígenas, com foco no contexto cearense.
Raquel Caminha é historiadora, na Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, e diretora do Museu do Ceará. É graduada em História pela Universidade Federal do Ceará (UFC), especialista em Gestão Cultural pela Universidade Estadual do Vale do Acaraú (UVA) e em Semiótica pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Tem mestrado em História e Culturas pela UECE e é doutora em História Social pela UFC. Atualmente, é discente do MBA em Gestão de Museus e Inovação, promovido pela Associação Brasileira de Gestão Cultural (ABGC), em parceria com a Expomus, o Centro Universitário UniMais e o Instituto Tomie Ohtake. Também atua em diferentes espaços culturais e educacionais realizando formações sobre gênero, memória, cultura, direitos humanos e diversidades. Desenvolve pesquisas que analisam as intersecções entre gênero, cultura e poder nas relações sociais brasileiras entre os séculos XX e XXI. Membro do Grupo de Pesquisas e Estudos em História e Gênero (GPEHG), na UFC. Tem experiência, principalmente, nos temas de memória, gênero, cultura, feminismos, diversidades, ditaduras e violência.
Mesa 2: “Arquivo na arte contemporânea”
Antônio Wilame Júnior, o jovem èsù, é artista e pesquisador, mestrando no Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Humanidades pela UNILAB, bolsista da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Desenvolve pesquisas voltadas à memória negra radical em relação ao município de Redenção – CE, tendo como mote de análise os monumentos históricos a partir da história, geografia e arte especulativa. Diretor do curta-metragem “REDENÇÃO 2083”, filme que aborda o afrofuturismo na reconfiguração espacial do legado escravista em Redenção – CE.
Davi Pontes é artista, coreógrafo e pesquisador, graduado e mestre em Artes pela Universidade Federal Fluminense. Premiado com o ImPulsTanz – Jovens Coreógrafos e o Prêmio Artlink – 100 Artistas do Mundo, ambos em 2022. Participou da 35ª Bienal de São Paulo e coreografou a obra “Variação” para o Balé da Cidade de São Paulo. Atualmente, faz parte dos artistas do 38º Panorama da Arte Brasileira no MAM SP. Sua prática se baseia na pesquisa corporal e no estudo dos arquivos da história da dança, abordando a relação entre coreografia, racialidade e as questões emergentes a partir do pensamento moderno.
Jaime Lauriano é artista, vive e trabalha em São Paulo (SP). Graduou-se pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, no ano de 2010. Possui trabalhos nas coleções públicas da Pinacoteca do Estado de São Paulo e no MAR – Museu de Arte do Rio. Tem um fazer artístico assumidamente voltado para o campo da pesquisa historiográfica. De cunho engajado, suas obras denunciam a violência sofrida pela população negra no passado e atualmente.
Pinacoteca do Ceará
Inaugurada em dezembro de 2022, a Pinacoteca do Ceará tem a missão de salvaguardar, preservar, pesquisar e difundir a coleção de arte do Governo do Estado, sendo espaço de ações formativas com artistas, comunidade escolar, famílias, movimentos sociais, organizações não-governamentais e demais profissionais do campo das artes e da cultura. Trata-se de um espaço de experimentação, pesquisa e reflexão para promover o diálogo entre arte e educação a partir de práticas artísticas. Desde a abertura, o museu já recebeu mais de 165 mil visitantes.
Festival AfroCearensidades
O Governo do Ceará lança o 2º Festival AfroCearensidades em celebração ao mês da Consciência Negra, por meio da Secretaria da Igualdade Racial (Seir) e da Secretaria da Cultura (Secult) em parceria com o Instituto Mirante e o Instituto Dragão do Mar. Com o tema “Na Ginga dos Saberes Ancestrais”, o Festival traz ampla programação distribuída entre equipamentos culturais do Estado.
Serviço
O que: Seminário “Ambiências de memórias”
> Sábado, 9.11
15h às 16h30
Seminário “Ambiências de memórias: acervo e arquivo em práticas negras”
Mesa 1 – Acervos afrodiaspóricos em museus cearenses
Com Erick Santos, Leonardo Almeida, Raquel Caminha
Mediação: Jorge Silvestre
Onde: Auditório
Classificação indicativa: 12 anos
Acessível em Libras e Audiodescrição
17h às 18h30
Mesa 2 – Arquivo na arte contemporânea
Com Jaime Lauriano, Davi Pontes e Antônio Wilame Júnior, o jovem èsù
Mediação: Gi Monteiro
Onde: Auditório
Classificação indicativa: 12 anos
Acessível em Libras e Audiodescrição
> Todas as atividades são gratuitas.
> As obras em exposição têm diferentes classificações indicativas. Atente para a sinalização daquelas não recomendadas para crianças ou adolescentes.
> A programação infantil requer sempre o acompanhamento de um adulto responsável por cada criança.
> A Pinacoteca do Ceará dispõe dos seguintes recursos de acessibilidade: audiodescrição, abafadores de ruídos, videoguias em Libras, cadeira de rodas, intérpretes de Libras e peças táteis.
Em cartaz:
“Claudia Andujar. Minha vida em dois mundos”
Mostra “Bonito Pra Chover”:
“Amar se Aprende Amando”
Mostra Acervo Pinacoteca do Ceará
Visitas de quarta a sábado, das 12h às 20h, e domingos, de 9h às 17h.
Fonte: Governo do estado do ceara